Pedro Leal — Visual Essay

Aldeia Marakan’a — Rio de Janeiro, Brazil

No dia 18 de março de 2022, aconteceu na Aldeia Maracanã, Rio de Janeiro, o primeiro evento do Reciprocal Ecologies. Na ocasião, Potyra Guajajara, José Urutau e a filha, Maynumi, indígenas da etnia Tenetehara, participaram de uma conversa junto de Regina de Paula, artista convidada a partir de um dos eixos do projeto, o de precariedade. Ocupando um local ao lado de um dos estádios mais famosos do mundo, o Maracanã, o terreno da aldeia possui como construção principal um palácio do início do século XX, posteriormente tornado o Museu do Índio, entre 1953 e 1977, tendo sido abandonado por décadas até a ocupação da aldeia, no início dos anos 2000. 

Potyra, José e Maynumi falaram sobre suas vivências e o que significa se afirmarem em meio à tentativa de apagamento da cultura indígena pelos poderes hegemônicos; tendo a conversa sido interrompida por alguns dos insistentes grupos conservadores que rondam o terreno tentando intimidar os residentes, os três, juntamente com outros moradores da aldeia, mostraram também a coragem que requer residir naquele local. O fato de constituírem uma aldeia urbana em uma área valorizada provoca a ira dos setores conservadores da população, ávidos por expulsarem os moradores do local e verem o terreno monetarizado em um estacionamento. 

O encontro expôs a precariedade em sua face mais potente: a das estratégias de sobrevivência que tanto mais se tornam desafiadoras quanto mais embaralham classificações tradicionais.

On March 18, 2022, the first event of Reciprocal Ecologies took place at Aldeia Maracanã, Rio de Janeiro. On the occasion, Potyra Guajajara, José Urutau and their daughter, Maynumi, indigenous people of the Tenetehara people, participated in a conversation with Regina de Paula, an artist invited from one of the axes of the project, that of precarity. Occupying a location next to one of the most famous stadiums in the world, Maracanã, the village’s main construction is a palace from the beginning of the 20th century, later turned into the Indigenous Museum, between 1953 and 1977, having been abandoned for decades, until the occupation of the village in the early 2000s.

Potyra, José and Maynumi talked about their experiences and what it means to assert themselves in the midst of the hegemonic powers’ attempt to erase indigenous culture; the conversation having been interrupted by some of the insistent conservative groups that prowl the grounds trying to intimidate the residents, the three, along with other villagers, also showed the courage required to reside there. The fact of constituting an urban village in a valued area provokes the ire of the conservative sectors of the population, eager to expel the local residents and see the monetized land in a parking lot.

The encounter exposed precarity in its most potent face: that of survival strategies that become more challenging the more they shuffle traditional classifications.

Photos by Pedro Leal

______________________

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *